quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Vós que lá do vosso império...


Estamos perante mais uma campanha eleitoral, agora são as legislativas, daqui a algumas semanas serão as autárquicas. Os candidatos fazem pela vida, onde não falta nada: discursos bonitos, promessas de uma vida melhor e palavras à medida de quem os ouve, muitos abraços, beijinhos, música e muita animação.
Falam, debatem e divagam sobre tudo e todos, mas abstraem-se do país onde vivem, do país real, das questões que são realmente importantes para as pessoas, porque muitos estão exclusivamente interessados na conquista dos votos que vão fazê-los deputados ou autarcas, numa lógica corporativa em vez de estarem ao serviço do bem comum. O drama para nós, portugueses, é que esta forma de operar dos agentes políticos é transversal a todos os partidos, uns mais do que outros, é certo, mas todos olham demasiado para o seu umbigo. Custa-me a crer que tenhamos os políticos que merecemos - acho que merecíamos melhor -, pese embora a existência do adágio que nos diz que "só temos o que merecemos". Está a chegar mais uma oportunidade para nos afirmarmos como cidadãos e dizer basta a esta triste sina que nos tem perseguido, devendo essa ocasião ser aproveitada conscientemente na boca das urnas com o nosso voto, para definitivamente merecermos os políticos que temos.
Urge uma atitude crítica em relação a este estado de coisas, como a tinha António Aleixo (18/02/1899 - 16/11/1949), que foi pastor, polícia, cantor popular de feira em feira, servente de pedreiro em França e poeta cauteleiro, entre outros misteres, apesar de semi-analfabeto, este poeta do povo deixou-nos verdades de uma rara espontaneidade, que devemos meditar, como esta:

Vós que lá do vosso império
prometeis um mundo novo,
calai-vos que pode o povo
querer um mundo novo a sério.

2 comentários:

RENATOGOMESPEREIRA disse...

outra de AA é aseguinte:

"para amentira ser perfeita
e atingir profundidade
tem detrazer à mistura
qualquer coisa de verdade"

adelino braga disse...

E esta também:

Embora os meus olhos sejam
os mais pequenos do mundo
o que importa é que eles vejam
o que os homens são no fundo