Num dia destes dei comigo a revisitar mentalmente a minha terra: as pessoas, os edifícios, os campos verdejantes, os lugares, as brincadeiras,... histórias da infância, da juventude e de hoje.
Neste apelo telúrico, a família do Sr. Manuel Lopes fez parte do meu imaginário, retive na memória da minha meninice a sua mãe, Srª Ana Rosa Fernandes, e o seu irmão, Sr. José Lopes, pequenos agricultores de subsistência com casa própria, pessoas ensimesmadas e isoladas do mundo, pacatas e trabalhadoras.
Neste apelo telúrico, a família do Sr. Manuel Lopes fez parte do meu imaginário, retive na memória da minha meninice a sua mãe, Srª Ana Rosa Fernandes, e o seu irmão, Sr. José Lopes, pequenos agricultores de subsistência com casa própria, pessoas ensimesmadas e isoladas do mundo, pacatas e trabalhadoras.
Esta família viveu no Largo do Padrão, no edifício onde hoje é a sede da Junta de Freguesia. As diatribes da rapaziada da faixa etária dos alunos da escola primária fez do Sr. Manuel Lopes, pelo seu aspecto físico, pela sua indumentária humilde e pelo seu modo de ser, lembremo-nos que ele era uma pessoa assocializada sem saber ler e escrever, o alvo preferido da irreverência juvenil, pegávamos com ele, pregávamos partidas, e fugíamos à sua frente com medo que nos apanhasse e nos açoitasse, coisas de Argivai de outros tempos.
Com o desenrolar dos anos o Sr. Manuel Lopes (31 de Dezembro de 1932, - 12 de Novembro de 2006) passou a ser o único elemento vivo da família, a viver sozinho em sua casa com uma modesta reforma, quantas vezes o vi exorcizando a sua solidão fruto da socialização entretanto adquirida, a tomar café, a fumar ou a beber um fino no Salão Social ou no Café Anjo, locais que frequentava regularmente.
Figura típica da terra, tantas vezes zombeteado, este homem que nos tempos da minha meninice me incutia medo, agora sorria e comunicava, num vocabulário pobre mas sempre com respeito, às variadíssimas acções e interpelações, ás vezes jocosas, dos circunstantes. Passou a ser visita praticamente diária dos locais acima referidos, Salão Social e Café Anjo, onde com o seu jeito humilde e a sua voz tonitruante pedia aos circunjacentes para pagarem um fino, outras vezes um cigarro ou um café, sempre com educação, quando, muitas vezes, a paga era a risota e a galhofa.
Com o desenrolar dos anos o Sr. Manuel Lopes (31 de Dezembro de 1932, - 12 de Novembro de 2006) passou a ser o único elemento vivo da família, a viver sozinho em sua casa com uma modesta reforma, quantas vezes o vi exorcizando a sua solidão fruto da socialização entretanto adquirida, a tomar café, a fumar ou a beber um fino no Salão Social ou no Café Anjo, locais que frequentava regularmente.
Figura típica da terra, tantas vezes zombeteado, este homem que nos tempos da minha meninice me incutia medo, agora sorria e comunicava, num vocabulário pobre mas sempre com respeito, às variadíssimas acções e interpelações, ás vezes jocosas, dos circunstantes. Passou a ser visita praticamente diária dos locais acima referidos, Salão Social e Café Anjo, onde com o seu jeito humilde e a sua voz tonitruante pedia aos circunjacentes para pagarem um fino, outras vezes um cigarro ou um café, sempre com educação, quando, muitas vezes, a paga era a risota e a galhofa.
Este homem merece o nosso profundo respeito e a sua memória deve ser perpetuada como o maior benemérito da nossa terra. Não sabia ler e escrever, concitou a risota insensata e injusta de muitos de nós, mas, apesar disso, deixou-nos um belo edifício, sem o qual não teríamos a actual sede da Junta de Freguesia e nem teríamos a futura Creche, é importante que tenhamos isto muito bem presente - o Sr. Manuel Lopes ofereceu à sua terra tudo o que possuía, o actual edifício da Junta de Freguesia de Argivai e terreno anexo.
O que foi feito para perpetuar a nossa gratidão por este homem? Foi atribuido o seu nome a uma rua (travessa) secundária, confrontante com o Feira Nova, o que é pouco, atendendo ao muito que nos deu; considero uma grande injustiça, porque temos nomes de ruas centrais cujos titulares pouco deram, comparados com a generosidade do Sr. Manuel Lopes. Façamos justiça! Este homem era humilde, analfabeto, descuidado no asseio, usava roupa antiga, mas deu tudo a Argivai.
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Por mim e por muitos argivaienses:
Muito Obrigado Sr. Manuel Lopes!