A notícia mais extraordinária do pós-Mundial 2010 foi publicada no “Record”: mesmo a receber 7,2 milhões de euros de prémio pela presença da Seleção Nacional nos oitavos-de-final, a Federação Portuguesa de Futebol (FPF) conseguiu apurar um prejuízo de 1 milhão de euros com a campanha na África do Sul! E o selecionador Carlos Queiroz recebeu 10 por cento desses 7,2 milhões de prémio: ou seja, 720 mil euros! Extraordinário.
Antes de fazer quaisquer outras considerações, é preciso sublinhar as competências do grande planificador que é Carlos Queiroz: nem o pormenor do prémio - principalmente esse - lhe escapou. Imagine-se que Portugal teria chegado a campeão do Mundo: a FPF receberia 23,7 milhões da FIFA e Queiroz embolsaria a justa recompensa de 2,37 milhões. Nada mais natural o treinador campeão mundial ficar rico.
Acontece que a realidade é bem diferente e o que fica das aventuras serranas na Covilhã e do périplo intercontinental, engendrado e executado pelo selecionador nacional, é um lastro de irresponsabilidade que conta com a superior conivência do presidente da FPF, Gilberto Madaíl. Como é que uma federação desportiva de um pequeno país, massacrado sucessivamente com as avaliações comprometedoras das agências de aquém e de além, se pode permitir embarcar numa aventura pensada faraonicamente, à grande, com estágios aqui e ali, para dar prejuízo?
Já sabíamos que o plano era Portugal sair da África do Sul com a taça e tudo bateria certo, com distribuição de grandes prémios e os cofres da FPF cheios. Só que os planos, na maioria dos casos, derrapam e havia no caso da Seleção Nacional a forte possibilidade de o sucesso ser relativo, como foi. Logo, Gilberto Madaíl – e o problema aqui é a falta de liderança do presidente da FPF e não a mania das grandezas do selecionador – deveria ter encontrado a fórmula exata para chegar ao fim do processo com as contas do Mundial no positivo. Madaíl não deveria ter negado um só pedido a Carlos Queiroz: os estágios em altitude, com hotéis aqui e ali, os adjuntos sul-africanos, as missões de observação... nada! Mas deveria ter sido implacável na negociação dos prémios.
Como é que um selecionador que fatura 1,6 milhões de euros por ano precisa de receber mais 720 mil para estar motivado a lutar por um lugar entre as 16 melhores equipas do Mundo? É óbvio que não precisa, ou então Madaíl anda distraído, a pairar em lugares muito longe de Portugal, onde a crise é uma figura de estilo para complexificar manuais de economia. Isto é, os oitavos-de-final seriam os mínimos a cumprir pela equipa 3.ª classificada no ranking da FIFA, sem direito a qualquer prémio, para além daquelas diárias que funcionam como principescas ajudas de custo, distribuídas pela comitiva.
Teria sido fácil a FPF ficar a salvo de qualquer ridículo, porque até tinha as contas feitas. Madaíl sabia que só a presença nos quartos-de-final, com 14,4 milhões de euros pagos pela FIFA, equilibraria a contabilidade, mas resolveu apostar no risco e saiu-lhe esta rifa: arcar com o ridículo de ter de premiar milionariamente um resultado julgado medíocre pelos portugueses. Nesta altura, resta-lhe negociar um acerto com o selecionador, fazendo-lhe ver que 720 mil euros é um prémio escandaloso. E não vale a pena vir com desmentidos que nada desmentem. Ficam mal.
Acontece que a realidade é bem diferente e o que fica das aventuras serranas na Covilhã e do périplo intercontinental, engendrado e executado pelo selecionador nacional, é um lastro de irresponsabilidade que conta com a superior conivência do presidente da FPF, Gilberto Madaíl. Como é que uma federação desportiva de um pequeno país, massacrado sucessivamente com as avaliações comprometedoras das agências de aquém e de além, se pode permitir embarcar numa aventura pensada faraonicamente, à grande, com estágios aqui e ali, para dar prejuízo?
Já sabíamos que o plano era Portugal sair da África do Sul com a taça e tudo bateria certo, com distribuição de grandes prémios e os cofres da FPF cheios. Só que os planos, na maioria dos casos, derrapam e havia no caso da Seleção Nacional a forte possibilidade de o sucesso ser relativo, como foi. Logo, Gilberto Madaíl – e o problema aqui é a falta de liderança do presidente da FPF e não a mania das grandezas do selecionador – deveria ter encontrado a fórmula exata para chegar ao fim do processo com as contas do Mundial no positivo. Madaíl não deveria ter negado um só pedido a Carlos Queiroz: os estágios em altitude, com hotéis aqui e ali, os adjuntos sul-africanos, as missões de observação... nada! Mas deveria ter sido implacável na negociação dos prémios.
Como é que um selecionador que fatura 1,6 milhões de euros por ano precisa de receber mais 720 mil para estar motivado a lutar por um lugar entre as 16 melhores equipas do Mundo? É óbvio que não precisa, ou então Madaíl anda distraído, a pairar em lugares muito longe de Portugal, onde a crise é uma figura de estilo para complexificar manuais de economia. Isto é, os oitavos-de-final seriam os mínimos a cumprir pela equipa 3.ª classificada no ranking da FIFA, sem direito a qualquer prémio, para além daquelas diárias que funcionam como principescas ajudas de custo, distribuídas pela comitiva.
Teria sido fácil a FPF ficar a salvo de qualquer ridículo, porque até tinha as contas feitas. Madaíl sabia que só a presença nos quartos-de-final, com 14,4 milhões de euros pagos pela FIFA, equilibraria a contabilidade, mas resolveu apostar no risco e saiu-lhe esta rifa: arcar com o ridículo de ter de premiar milionariamente um resultado julgado medíocre pelos portugueses. Nesta altura, resta-lhe negociar um acerto com o selecionador, fazendo-lhe ver que 720 mil euros é um prémio escandaloso. E não vale a pena vir com desmentidos que nada desmentem. Ficam mal.
Record de 14 de Julho de 2010
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