sábado, 12 de janeiro de 2013

Mordomias

Chamou-me à atencão a notícia da Rádio Renascença online sobre as mordomias que determinados cidadãos portugueses desfrutam, à custa do nosso trabalho e dos exorbitantes impostos que pagamos, através de reformas imerecidas e para as quais não descontaram, sendo nós, os contribuintes, a pagá-las, para que esses senhores tenham uma vida repimpada.
A presidente da Câmara de Palmela, Ana Teresa Vicente, eleita pelo PCP, terá 47 anos acabados de fazer quando chegar a situação de reformada, no mês que vem.
No mesmo diploma publicado no Dário da República de terça-feira, onde se lê que Ana Vicente tem direito a reforma a partir de Fevereiro e a uma pensão de 1.859.67 euros, surge o caso de outro autarca que vai ter uma reforma semelhante: 2.092 euros. Trata-se de Seruca Emídio, presidente da Câmara de Loulé, eleito pelo PSD, que também se reforma no mês que vem, aos 58 anos.
A lei dos eleitos locais permite-lhes um regime especial de reforma. Por exemplo, até dez anos de trabalho, o tempo de serviço para aposentação conta a dobrar.
A Associação Cívica Transparência e Integridade, considera que esta é uma realidade escandalosa: “O sistema de reformas dos políticos em Portugal é uma das muitas vergonhas que este regime foi criando. Nós temos hoje uma classe política em que muitos dos seus membros foram reformados com oito anos de actividade e outros, mais recentemente com 12 anos de actividade."
"Isto é perfeitamente inadmissível, até porque o exercício das funções públicas e políticas não devia garantir regalias às pessoas. Quem exerce funções públicas ou políticas tem mais obrigações que os outros e não mais direitos”, acrescenta.
O caso da autarca de Palmela é apenas mais um, já que a maioria dos políticos conhecidos já beneficiam deste sistema. Muitos dos mais conhecidos políticos portugueses já exerceram o seu direito de garantir uma reforma ao fim de alguns anos de trabalho e isso é perfeitamente inadmissível."

sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

Política está a falhar

"Portugal dispõe de condições naturais e humanas únicas. O país tem boa gente, séria e trabalhadora. Temos também um clima invejável, os níveis de segurança são satisfatórios.
Os terrenos são propícios ao desenvolvimento de agricultura, da pecuária e da silvicultura. O património histórico e cultural é rico, privilégio dum país com quase novecentos anos. Temos ainda essa condição de "povo de diáspora", com quase cinco milhões de emigrantes espalhados pelo planeta. São muitos destes portugueses que dão cartas pelo mundo.
Mas, ao mesmo tempo, a crise é crónica, a nossa estrutura produtiva está obsoleta, não se percebem quais os objectivos estratégicos, o estado asfixia a economia. Não há um mínimo de organização nos transportes de mercadorias, a nível marítimo ou ferroviário. O mundo rural está maioritariamente ao abandono. E não há sequer capacidade de captar a energia e a riqueza dos emigrantes.
Mas afinal, se a matéria-prima é à partida boa e o resultado é desastroso, a culpa só pode ser do modelo de organização. E organização, num Estado, chama-se política. Em Portugal, é claramente a política que está a falhar. Precisamos pois de novos modelos e também de novos actores. Porque entregue a uma classe dirigente incapaz e degradada, Portugal está condenado ao subdesenvolvimento." Paulo Morais dixit.